1. Rumo ao Sul
Vinha da estrada
Numa velha Lambretta encarnada.
Na bagageira vazia
Tinha só uma guitarra
E mais nada
Gostou de uma aldeia
E deixou-se ficar
A cantar ao sol
E a namorar o mar
Vinha rumo ao sul
E ao céu azul
Sózinha rumo ao sul
E ao céu azul...
E alguém quis saber
Então de onde é que tu vens, rapariga?
Há para aí gente a dizer
Que a nossa aldeia vai na tua cantiga
E ela disse a sorrir
Ando à procura de paz
E na cantiga diz
Que hei-de encontrar um rapaz
E por isso eu rumo ao sul
E ao céu azul
Sozinha rumo ao sul
E ao céu azul...
Ando à procura de amor e de alguém
Ao pé do sol e do mar
Eu sou de longe
Eu não sou de ninguém
Estou de passagem
Sempre em viagem
Procuro até encontrar
Não sei onde é o lugar
Atrás do sol e do mar
A estrada há-de acabar...
Espera aí, rapariga
A tua história
Está-me a dar uma ideia
Tenho a certeza
Que o rapaz que tu falas
Vive agora aqui na aldeia
Tem uma guitarra pintada
E canta a mesma canção
Da lambretta encarnada
À procura do verão
Se o queres encontrar
Ele está na “Casa do Capitão”…
Se o queres namorar
Ele está na na “Casa do Capitão”…
Ele anda à procura de amor e de alguém
Ao pé do sol e do mar
Ele é de longe, ele não é de ninguém
Está de passagem
Sempre em viagem
Procura até te encontrar
Não sabe onde é o lugar
Atrás do sol e do mar
A história há-de acabar...
Quinze dias depois, nem sinais dele
Nem da rapariga
Sumiram os dois
Para os areais onde acabava a cantiga
Fizeram-se à estrada como diz no refrão
Da Lambretta encarnada
Onde agora eles vão
Sózinhos rumo ao sul
E ao céu azul...
2. Vá Lá!!
Trago um bom conselho
Para a gente que aqui está
São duas palavrinhas
E quais são elas?
Vá lá!!
Vá lá, Portugal, portugueses
Mais um ano, doze meses
Não saimos do lugar...
Vá lá, nobre povo, Zé Povinho
Não há pão e não há vinho
E o que há vai acabar!
Vá lá, estivadores e leiloeiros
Espantalhos, sinaleiros
É inútil esbracejar...
Vá lá, marinheiros de água doce
Era bom mas acabou-se
‘Tá na hora, vai fechar!
Vá lá, patos bravos barrigudos
Sem vergonha e sem canudos
A aldrabar a construção...
Vá lá, novos ricos triunfantes
Em vivendas de emigrante
Baluarte da nação!
Vá lá, batalhão de Chico Espertos
Esses olhos bem abertos
Que o país é para roubar...
Vá lá, devedores e caloteiros
Agarrados ao dinheiro
‘Tá na hora de pagar!
Vá lá, rapazinhos da gravata
De atitude burocrata
E a fortuna do papá...
Vá lá, raparigas graduadas
Liberais, emancipadas
Do melhor que para aí há!
Vá lá, jogadores, viciados
Prostitutas e drogados
Quem vos traz o alvará?
Vá lá, traficantes, criminosos
Delinquentes, mafiosos
É agora, ‘bora lá!
Vá lá, monarquia arruinada
Sempre bem alcoolizada
Com uma cruz a abençoar...
Vá lá, burguesia toda airosa
Que essa vida cor de rosa
Está em vias de ir ao ar!
Vá lá, Herculanos, Saramagos
Escritores aziagos
Quem assina a petição?
Vá lá, geração iluminada
Treinadores de bancada
Onde é que está a solução?
Já sabemos bem
Que a vida aqui está má
Com a morte ali ao fundo
Ai, Mãe, a sorte onde andará?
Só resta sermos nós a dar a volta
Assim, não dá
Por isso, pessoal, vá lá!!
Vá lá, carneirada cibernética
A doença é genética
Agarrados digitais...
Vá lá, manada de aluados
Cidadãos neutralizados
Pelas redes sociais!
Vá lá, estudantina abrutalhada
Malcriada, mal formada
Nota 20 a vomitar...
Vá lá, especialistas em calão
Calinada e palavrão
Vamos, toca a trabalhar!
Vá lá, madames em topless
Da massagem anti-stress
E dieta natural...
Vá lá, brigada do pilates
Yôga e outros disparates
Que é que diz o mapa astral?...
Vá lá, reformados, pensionistas
O governo tem artistas
Pagos p'ra vos enganar...
Vá lá, moribundos, acamados
Incapazes, entrevados
Vamos, toca a levantar!
Já sabemos bem
Que a vida aqui está má
Com a morte ali ao fundo
Ai, Mãe, a sorte onde andará?
Só resta sermos nós a dar a volta
Assim, não dá
Por isso, Portugal, vá lá!!
Vá lá, moderníssimos fadistas
A elite dos artistas
Do melhor que há no país...
Vá lá, costureiros e roqueiros
Dos modelos estrangeiros
E da coca no nariz!
Vá lá, capitães e generais
Mais as tias de Cascais
Na orgia do cifrão...
Vá lá, ministros, deputados
Com os bolsos recheados
Façam a revolução!
Vá lá, navegantes, triste fado
As glórias do passado
Não vos deixam navegar...
Vá lá, saudosistas praticantes
Isto está pior que dantes
Vade retro, Salazar!
Vá lá, Portugal, olha p'ra ti
Há quem diga por aí
Sem a guerra não há paz...
Vá lá, Portugal, nação valente
Que o futuro é um presente
E é para a frente e não para trás!
Vá lá!!
3. Chiado
Diz a história de Lisboa
Do Bocage e do Pessoa
Que o Chiado é o coração da capital
É cenário de vaidades
É a montra da cidade
E tem a música «da agulha e do dedal»
Venha a gente desde o rio
Venha a gente do Rossio
A passerele do Chiado é p'ra gozar
Na subida da colina
Rumo a Santa Catarina
O lisboeta vem-se aqui pavonear
Vejam bem as personagens
Que abrilhantam a paisagem
E que fazem do Chiado um caldeirão
As vaidosas, as coquettes
As irmãs Perliquitetes
E as pin ups tatuadas à pressão
Rapazinhos mal lavados
Cavalheiros emproados
Cada um tem no Chiado o seu lugar
São os músicos de rua
Tuk tuks na gazua
E um homem estátua na esplanada da Benard
Lisboa inteira vem aqui parar
Passeia com um sorriso
E diz olá p'ra quem passar
Lisboa inteira vem p'ra aqui gozar
La la la ra la la
Desde o toque de alvorada
A gente passa atarefada
O Chiado é todo ele um frenesi
Das invejas às peneiras
Das madames às sopeiras
Portugal no seu melhor habita aqui
Chega a hora do almoço
E o Chiado é um alvoroço
Carne ou peixe, tinto ou branco, é só escolher
Fim da tarde e um cházinho
Toca o fado e o chorinho
No Chiado passear é um prazer
Tá nas fotos dos camónes
Tá nos olhos dos mirones
O Chiado é um dos grandes europeus
Tá na berra tá na moda
É onde aterra a alta roda
E a escumalha, tudo ao molho e fé em Deus
Quem deseja bem viver
Nessa busca do prazer
Não adianta ir ao Google procurar
Quem quiser felicidade
Vai ao Carmo e à Trindade
E bebe um copo com o Ega e o Alencar
Lisboa inteira vem aqui parar
Passeia com um sorriso
E diz olá p'ra quem passar
Lisboa inteira vem p'ra aqui gozar
La la la ra la la
E p'ra acabar esta modinha
Com um travo de alfacinha
‘Inda há uma coisa importante p'ra dizer
Diz a história de Lisboa
Do Bocage e do Pessoa
Que o Chiado ainda há de vir a ser
Com total aprovação
Em maciça votação
Património imaterial da humanidade
E as futuras gerações
Irão levar em foguetões
Uma lembrança, uma prendinha do Chiado!
Lisboa inteira vem aqui parar
Passeia com um sorriso
E diz olá p'ra quem passar
Lisboa inteira vem p'ra aqui gozar
La la la ra la la
4. A Minha Amada
A minha amada foi-se embora
Numa aurora, num alvor
Sem ser hora
Sem demora
Sem rumor
Sumiu sem direcção
Sem dizer adeus, sem perdão
Sumiu com ela o meu amor
A minha amada já não volta
Já não mora mais aqui
Já não cora
Já não chora
Já não ri
Sumiu sem avisar
Sem dizer adeus, sem pensar
Em ser aquilo que eu perdi
Verdes tempos
Verdes anos
No maior furor
Dois Cupidos
Sempre unidos
Corações em flor
Vida junta
Vida muita
Sem o sol se pôr
Corações em flor
À luz do amor
A minha amada não fez caso
Nem fez uso da razão
Não deu azo
Nem deu prazo ao coração
Sumiu com o nosso amor
Sem dizer adeus, sem pudor
Fugiu com ela o meu perdão
Lançou no fundo de um vidrão
Os cacos do meu pobre coração
5. São Bento
Raia o sol sobre lisboa
Acabadinha de acordar
E em São Bento passa um vento
Que é do rio e cheira a mar
Devagarinho o novo dia
Vai abrindo a sua luz
Da Assembleia até à igreja de Jesus
No café da Dona Iria
Os primeiros a chegar
São clientes cá do bairro
Já sem tempo e sem vagar
Cheira a manhã, entra o calor
E vão surgindo as personagens
Que dão côr e tom castiço à paisagem
Dona Júlia arruma a casa
Dona Aurora limpa o pó
Dona Rosa abre a janela
A rua cheira a pão de ló
E nos jornais há mais um crime
A empolgar a freguesia
Do lugar ao talho, à tasca e à padaria
Sr. Coelho broca o ferro
Sr Pimenta a martelar
Na oficina ao pé do beco
A vida é ganha a trabalhar
E aqui no bairro, num momento
O tempo passa com vagar
Vida calma a de São Bento. É um bom lugar
Certo dia, noite escura
Algo estranho aconteceu
Uma sombra nua e crua
Fez-se à rua do Liceu
E o bairro, cusco, não sabia
Quem é que era a criatura
Mas sorria com a beleza da figura
E afinal era a Rosinha
A mulher do sapateiro
Ia amar às escondidas
O sortudo Zé barbeiro
Aqui no bairro é sempre assim
Os amores são proibidos
Ele já teve três mulheres, e ela dois maridos
Dona Célia apanha a roupa
Dona Antónia a tricotar
Dona Fernanda na varanda
Tem os gatos a miar
Lá fora há um som que vem subindo
Os rodízios vão rolando
São turistas, vão partindo e vão chegando
No fogão da Dona Iria
Vai cozendo o caracol
Logo mais ao fim do dia
A televisão dá futebol
E aqui no bairro em São Bento
A vida é sempre sempre igual
Há sempre calmaria após um temporal
6. Ana, tão linda!
Ana, tão linda
O seu olhar encanta o meu
Tão linda
Não há olhar melhor que o seu
E Ana, linda
Diz que o seu amor
Sou eu
Ana, tão linda
No seu olhar tem vida o meu
Tão linda
Não há olhar melhor que o seu
E Ana, ainda
Diz que o seu amor
Sou eu
Ana, feia
Tão feia que eu não fazia ideia
Ana, feia, feia, feia!
Ana, tão linda
Do seu olhar perdeu-se o meu
Tão linda
Para quê um olhar, se ele já morreu?
E Ana, finda
Diz que o seu amor
Fui eu
7. Sete Bruxas
Uma bruxa foi à fonte
Foi encher o caldeirão
E lá de longe, lá do norte
Veio um vento muito forte
Pendurou-a no portão
Está uma bruxa no portão
Foi encher o caldeirão
Está uma bruxa no portão
Duas bruxas no caminho
A adorar a lua nova
E lá do meio do vazio
Veio um vento muito frio
Pôs as bruxas numa cova
Está uma bruxa no portão
A adorar a lua nova
Duas bruxas numa cova
Três bruxinhas na floresta
Cortam lenha para a lareira
E de rompante, e de repente
Veio um vento muito quente
Pôs as bruxas na fogueira
Está uma bruxa no portão
Duas bruxas numa cova
Cortam lenha para a lareira
Três bruxinhas na fogueira
Quatro bruxas pelo campo
Guardam bétulas num saco
Apareceu um pica-pau
Veio um vento muito mau
Pôs as bruxas num buraco
Está uma bruxa no portão
Duas bruxas numa cova
Três bruxinhas na fogueira
Guardam bétulas num saco
E quatro bruxas num buraco
Cinco bruxas lá na estrada
Numa noite muito preta
E ao romper da madrugada
Veio um vento, assim do nada
E pôs as bruxas na valeta
Está uma bruxa no portão
Duas bruxas numa cova
Três bruxinhas na fogueira
Quatro bruxas num buraco
Numa noite muito preta
Cinco bruxas na valeta
Seis bruxinhas em fileira
Indo atrás do Dom Quixote
Numa noite muito estranha
Veio um vento lá de Espanha
Pôs as bruxas num caixote
Está uma bruxa no portão
Duas bruxas numa cova
Três bruxinhas na fogueira
Quatro bruxas num buraco
Cinco bruxas na valeta
Indo atrás do Dom Quixote
Seis bruxinhas num caixote
Sete bruxas num terreiro
Fazem chá de cogumelo
E dos lados do Samouco
Veio um vento muito louco
Pôs as bruxas num chinelo
Está uma bruxa no portão
Duas bruxas numa cova
Três bruxinhas na fogueira
Quatro bruxas num buraco
Cinco bruxas na valeta
Seis bruxinhas num caixote
Fazem chá de cogumelo
Sete bruxas num chinelo
8. Ruiveloseando
Trauteando o “Porto Covo”
Tenho aqui um verbo novo
Eu ‘tou Ruiveloseando
Meto o verbo num canudo
Canto o “Dei-te Quase Tudo”
E ‘tou Paulogonzeando
Se eu martelo tabuínhas
A cantar “A Mariquinhas”
Eu estarei Amáleando?
Se a canção chegar ao fim
Amor, “Encosta-te a Mim”
Eu já ‘tou Jorgepalmilhando...
Ponho o verbo, tiro o verbo do lugar
No gerúndio, que é para a coisa balançar
Pois!
Não me levem a mal
Se a “Carga de Ombro” é legal
‘Tou Samueluriando
As saudades eu já tinha
Da minha alegre “Casinha”
E eu aqui já ‘tou Xutando
E por entre o céu azul
Eu vejo “Pássaros do Sul”
E estou Mafaldavagueando
Quando lanço aí p'ro ar
“A cantar”, “A Cantar”
Eu ‘tou Camanéficando
Conheço toda a gente de ginjeira
Pois eu cantei com eles a vida inteira
São colegas e amigos
É tudo gente boa
No meu coração
É tudo gente boa
Na minha canção
É tudo gente boa
E acaba o refrão!
Quando eu fico de atalaia
“Na Cabana Junto à Praia”
C’o Zé Cid eu vou topando
Eu bem que vos dizia
“Hoje é o (tal) Primeiro Dia”
Aqui há Sérgiocozinhando...
E se eu canto afinado
Com a tal “Canção ao Lado”
Lá vou eu Deolindando
Que é que eu disse? Que é que eu disse?
Se eu cantar “Maria Alice”
Eu ‘tou Virgemsuteando
Ponho o verbo, tiro o verbo do lugar
No gerúndio, que é para a coisa balançar!
Pois!
Se eu cantar a um pirilampo
“O Judas Teve Sarampo”
Lá vou eu Gaiteiriando
E se fôr ali ao pé
Na “Leitaria Garret”
Eu sei o que é Vitorinando
E se eu falo num refrão
Numa “Insatisfação”
Começo a vida Márciando
E canto logo de seguida
“O Barco Vai de Saída”
Aqui acabo Fausteando
(refrão)
Ponho o verbo, tiro o verbo do lugar
No gerúndio, que é para a coisa balançar!
Pois!
Se eu ficar agora aqui
Vociferando o “FMI”
Eu tou Zémáriobranqueando
E, já agora, muito bem
“Não Há Nada P'ra Ninguém”
Eu já tou Máriomatando
E se alguém ficar de fora
Por favor não vá embora
Vá por mim, vá perdoando
Tenho nomes a granel
Que não cabem no papel
Desta canção que eu vou cantando
(refrão)
9. Não é mania, não!
Não, não compreendo o vício das notícias
Nem quem chupa as parangonas dos jornais
E papa mais!
Nem quem se deixa enrolar
Na trama feita p'ra assustar
Vivendo em sobressalto cada assalto
Ao almoço e ao jantar
Não, eu não entendo a gente à minha volta
Viciada e afogada em informação
Inquietação
Ninguém parece ver o mal
Ninguém perde um Telejornal
Ninguém vê que é um esquema
É um problema
E todos acham que é normal
Notícias noite e dia
Não!
Não sei nem quero ver
O mundo inteiro a arder
Se a vida é tão fugaz
E, não, não é mania, não!
Pornografia, não!
Eu acho bem mais são
Poder viver em paz
Não, não compreendo a praga das notícias
Em qualquer lugar há uma televisão
Não há perdão!
Podiam dar o Catatau
O Pernalonga ou o Pica Pau
Mas teimam com notícias vitalícias
Em que até o bom é mau!
Não, eu não entendo a gente desta terra
Ganzada, intoxicada até mais não
É uma adição...
Ninguém presume que anda mal
Ninguém assume que é viral
Quem foge do rebanho
Passa a estranho
Com estatuto de anormal
E viva a minoria!
Não!
Não sei nem quero ver
O mundo inteiro a arder
Se a vida é tão fugaz
E, não, não é mania, não!
Pornografia, não!
Eu acho bem mais são
Poder viver em paz
Eu vejo o povo todo alienado
Alucinado embriagado
Agarrado às notícias
Ocupado com notícias
Afogado em notícias
Viciado em notícias, polícias, notícias!
É beep, é bleep, é tweet,
É post, repost, é app é net
Jornal global
Manchete, repete
A eterna televisão
A total alienação
E o diabo a sete!
É intensa a doença
Epidemia no limite
É pior que hepatite
E ninguém admite
Que nos querem enrolar
Que nos querem dominar
Com aquele matraquear
Que é feito para assustar
E mesmo que a notícia seja boa
Vejam só como ela soa:
Aparece aquele pivot
Com um ar ameaçador
Como quem nos vem ralhar
A avisar, a ameaçar
Em tom severo e azedo
A dizer, a bater, a ranger:
"Tremam de medo:
A gasolina vai descer"!
Não!
Não sei nem quero ver
O mundo inteiro a arder
Se a vida é tão fugaz
E, não, não é mania, não!
Pornografia, não!
Eu acho bem mais são
Poder viver em paz
10. Mónica
Mónica
A mais linda flor da primavera
Passei um inverno inteiro à espera
Que ao brotar no meu jardim
Tu te abrisses só pra mim
Mónica
Ninguém dá um pólen como o teu
Doçura do néctar gineceu
E eu entrei na tua flor
Cor de rosa, meu amor
Acendi o teu altar
Eu vivia noite e dia
Sem dormir p’ra te adorar
Misturando a tua seiva com a minha
E tu davas-me os teus braços
E os teus beijos
Mil abraços e desejos
Minha flor, ai querida Mónica
Única
Mónica
Minha flor
Mónica
Alguém te arrancou do meu canteiro
Levou-te pra longe em cativeiro
Pra gozar até ao fim
O teu rosa de jasmim
Mónica
Ninguém vai cuidar-te da folhagem
Só eu tinha a mão para a jardinagem
Malmequer ou bem me quer
Vais murchar até morrer
Mónica
Não voltas ao jardim do paraíso
Não seremos mais
Adão e Erva sem juizo
Quem ontem te arrancou
À terra onde pertencias
Levou também o sol
Tornando escuros os meus dias
Apagou o teu altar
Vida fria noite e dia
Sem dormir sempre a lembrar
A mistura da tua seiva com a minha
Quando davas os teus braços
E os teus beijos
Mil abraços e desejos
Minha flor, ai querida Mónica
Única
Mónica
Meu amor
Mónica
A mais linda flor da primavera
Foi mais um inverno inteiro à espera
Mas o sonho acabou
E ela nunca mais voltou...
Foi um sonho que acabou
E ela nunca mais voltou...
Era um sonho e acabou
Ela nunca mais voltou...
6. As Praias de Lisboa
Chega o mês de junho
E logo o sol nos vem chamar
São as férias grandes a chegar
Vamos embora!
Vai toda a família
P’ra uma estância balnear
Dolce fare niente, descansar...
Ai, é tão bom molhar os pés
Em Pedrouços ou Algés
Céu azul, sol a queimar
E um amor à beira mar!
Quem quiser a vida boa
Só precisa ter à mão
As praias de Lisboa
E um amor no coração!
Todas as manhãs
Lá vamos nós para o areal
Com as tias e as criadas de avental
Vamos a banhos!
Entra o mês de Agosto
Dias lindos, de água e sal
E à noite há sempre um baile ou um sarau
Tchin-tchin!
Brinda-se ao amor
Tchin-tchin!
Refresca-se o calor!
Quem quer ir folgar
Para a Côte de’Azur ou p’ra Capri
Com as praias de Lisboa logo aqui?...
(refrão)
Onde é que há no mundo
Água como a do Dafundo?
Transparente e salutar
Tem rio e tem mar!
Já nem vale a pena
Ir para o Estoril ou para Cascais
Se as praias de Lisboa
Juntam muito mais casais!
E assim, com mil doçuras
Foi passando mais um verão
Adeus, até para o ano!
Outra paixão!
(refrão)