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PONTO G
Onde, como, quando e porquê!...

O lançamento do "Ponto G" em 2018, coincidiu com os meus quarenta anos de (muita) música. Depois de "Funky Punky Trunky" e "Pornogal", foi o meu terceiro disco a solo. Parece uma discografia esparsa, mas pelo meio fui fazendo muitas outras coisas e publicando alguns trabalhos que, de tão obscuros, nem sequer constam nos mais sofisticados motores de busca! Mas, tranquilizem-se as hostes, pois estão previstas reedições - físicas e digitais - num futuro próximo...

Porque é que eu faço música? Porque - assim o decidi aos catorze anos - desejo dar aos outros, com a minha música, o mesmo prazer que sinto ao ouvir a música de outros, como uma troca amorosa. Bastante simples!

Na capa deste "Ponto G" (um "G" de "Gimba") temos um botão/campaínha que, quando "tocado", deverá estimular os sentidos dos meus ouvintes, proporcionando-lhes - queira Deus - um prazer que, não sendo o mesmo que o dito «das zonas íntimas», se quer, na mesma, prazer...

"Ponto G" é uma coleção de 11 canções, cada uma com o seu sabor. Não é um álbum de rock, não é um álbum de pop, nem de "música popular portuguesa": é um disco muito pessoal de um cantautor que se considera perto dos universos de Virgem Suta, Mário Mata, Caetano Veloso ou Jorge Palma. 

Estas canções  estão aqui de livre vontade, sem passar pelo crivo espartilhado de qualquer editora. Foram compostas gravadas e produzidas na maior das calmas, na maior das liberdades, e saíram exatamente como tinham de saír: transparentes, autênticas e genuínas.

Um dia tive um comentário no Instagram dizendo: «Qualquer música feita por si parece fácil, sai naturalmente», e espero que realmente as canções sejam fáceis de ouvir, pois foram compostas com esse propósito. Tenho imenso gosto em "cantar como quem fala", e espero que este meu estilo possa servir de bitola para novos compositores se expressarem em bom português no presente e no futuro.

 

FICHA TÉCNICA

Composto, produzido e executado por Gimba

Gravado e misturado no Melhor Estúdio do Mundo Lisboa . 2017

Masterizado e re-masterizado por Carlos Vales

"Vá lá!!" misturado por Gimba e Carlos Vales Estúdios Auditiv . 2018

Vozes adicionais: Maria Vieira, Fátima Amparo e Pedro Lopes

Fotos capa: Rita Carmo / Maquilhagem: Sérgio Alxeredo

Capa: Lola Bala Design . Gimba . Lop Cartoons

Este disco teve o apoio do Fundo Cultural da SPA    

 

Cantores convidados no tema "Vá Lá!!": Ana Bacalhau, Rita Redshoes e António Zambujo (cortesia Universal Music Portugal), Márcia e Camané (cortesia Warner Music Portugal), Marisa Liz e Samuel Úria (cortesia Edições Valentim de Carvalho), e ainda José Cid, Manuel João Vieira, Mário Mata, Tim e JP Simões.

Obrigado à minha gatinha Tita, ao Kiko, avó Tita, Cajó, José Cid, Carla Alves, Xana Ferreira, Liliana Soares, Tiago Carrondo, Vitor Rua, Phil Mendrix, Rogério Charraz, Miguel Gizzas, Nuno Markl, Johnny Pixel Poison, e um abraço muito especial a todos os cantores do “Vá Lá!!”

 

Este disco é dedicado ao meu querido amigo Zé Pedro

VISITA GUIADA

 

1- Rumo ao Sul - Em ambiente de estrada e de evasão, esta é provavelmente a canção mais antiga desta série, e é o tema com que normalmente abro as minhas atuações. Trata-se de uma balada baseada numa aldeia imaginária na costa alentejana, tendo por inspiração a Zambujeira do Mar, onde existe realmente uma «Casa do Capitão» (que é a casa onde normalmente o Jorge Palma passava o mês de Julho). Aliás, o próprio Jorge Palma poderia ser o «rapaz da guitarra pintada». Um dia havemos de cantar isto juntos...

2 - Vá Lá!! - Oportunidade única para convidar uma série de 12 artistas que conheço e admiro, de A (Ana Bacalhau) a Z (António Zambujo), isto é um canto de intervenção, puro e duro...

Este "Vá lá!" é uma transposição para português do "Come on" do primeiro verso de "I Feel Like I'm Fixin' To Die Rag" (de Country Joe Mac Donald), e a canção poderia ter como sub título «o hino da revolução que as novas gerações nunca farão»! É um desfilar de tipos, cromos e figuras que fazem parte da nossa sociedade, dos "patos bravos" às "tias de Cascais", dos "rapazinhos de gravata" às "prostitutas e drogados", enfim... toda a gente que se demite da sua cidadania e assiste, passivamente, ao deteriorar contínuo da nossa qualidade de vida, às mãos de políticos miseráveis, precisando por isso de ser acordada do seu sono letárgico com um valente "Vá lá!!" gritado aos ouvidos!

3 - Chiado - Uma das canções mais recentes do disco é uma aguarela portuguesa sobre a zona mais central de Lisboa, com as suas personagens, os seus lugares e o seu quotidiano, daí a menção às "Irmâs Perliquitetes", às "madames", às "sopeiras", e aos inevitáveis Ega e Alencar. Foi deliberado deixar de fora nomes como Pessoa ou Almada e toda a tropa de intelectuais e políticos que a eles se seguiria...  

Os sons que se ouvem no início foram gravados à porta do café A Brasileira, onde um grupo de músicos faz uma batucada enquanto o mítico elétrico 28 passa,  deitando turistas pelas janelas!

Verifico que tenho uma tendência para, aqui e ali, fazer canções de amor à minha cidade, como ides ver mais à frente, também em "São Bento" (para não falar nas muitas marchas que vou compondo todos os anos!).

4 - A Minha Amada - Lamento nostálgico do homem que perdeu o amor da sua vida e enfrenta um futuro de provável solidão. Esta canção esteve emperrada durante anos, mas em 2017 foi finalmente terminada. Eu próprio toco a harmónica que, apesar de ser o primeiro instrumento que toquei em criança, não faz parte das minhas rotinas. Aqui, a gravação ser feita em computador foi determinante, pois permitiu "colar" partes tocadas em separado, como está patente num dos slides do menu "Imagens".

5 - São Bento - Retrato figurado do bairro em que vivo, com as suas figuras e os seus lugares e costumes. No princípio é possível ouvir o sino da igreja de Jesus, e um amolador de tesouras a quem dei dois euros para me deixar gravar a sua coleção de apitadelas castiças. Apesar da sonoridade algo expessa que a produção lhe confere, esta é uma canção 100% acústica. Aliás, o disco é todo assim: guitarra e voz do princípio ao fim.

A letra foi originalmente escrita numa mesa de café, antes de uma festa onde cantei a música, novinha em folha, ainda a ler o papel (coisa que detesto)!

Ana Tão Linda - Mais uma canção de amor com final infeliz (parece que comigo é assim, desde o longínquo "Navio", com os Afonsinhos do Condado, em que o meu amor «não voltou, ficou sózinho, lá longe...»). Aqui, "Ana" passa de bestial a besta, de «linda» a «feia», afinal uma banalidade na condição humana...

Esta música foi gravada com um microfone que custou dez euros (um Shure dos anos 60), comprado na papelaria ao lado da minha casa! (ver foto no menu "Imagens")

7 - Sete Bruxas - Música "progressiva", com toada da Beira Baixa, que começa com uma bruxa que «foi à fonte encher o caldeirão», à qual, a cada refrão, se junta uma nova bruxa, até totalizarem sete, o que resulta em sete refrões diferentes! Uma típica canção comercial...

Uma curiosidade: quando a música foi escrita, a dada altura a letra dizia: «quatro bruxas pelo campo guardam girassóis num saco»; mas a palavra "girassóis" (que tem ritmo crético) não casava com a toada musical, de ritmo dáctilo (apareçam num dos meus cursos de escrita, onde estes palavrões são explicados com detalhe). Então comecei a procurar plantas cujo nome tivesse ritmo dáctilo (i.e. trissílabos esdrúxulos), e surgiram as opções "cânfora", "bétula", "tília", etc. Decidi escolher "bétula". Apesar de não conhecer a planta, a fonética da palavra agradou-me. Mais tarde vim a descobrir que as franjas das vassouras das bruxas são feitas com ramos de bétula!...

8 - Ruiveloseando - Canção de homenagem a figuras da música portuguesa, que conheço e admiro, de Rui Veloso (que dá o título) a Deolinda, de Jorge Palma a Mário Mata, passando por outros nomes - uns contemporâneos, outros mais antigos - num leque bastante eclético. É claro que há gente que ficou de fora porque, como diz a letra, «são nomes a granel que não cabem no papel». A intenção foi fazer uma música que mencionasse colegas e amigos, pois constatei que, ao contrário do que se passa no Brasil (onde existem canções de artistas que mencionam nomes de  outros colegas), em Portugal ainda ninguém tinha feito nada do género (exceto no mundo do Fado, onde há canções com referências à Severa, ao Marceneiro, etc. (embora atualmente ninguém mencione "Camané", "Ana Moura" ou "Jorge Fernando"...).

9 - Não é Mania, Não! - Começando como se um autêntico "Telejornal" se tratasse, esta rockalhada é afinal um manifesto anti-notícias. A letra resume a minha convicção sobre os malefícios do vício que se apoderou de todos os setores da nossa sociedade.

Na realidade as notícias desinquietam, desassossegam e preocupam toda a gente, roubando a cada um de nós um espaço que deveria ser de paz e serenidade. E como qualquer outro vício - seja jogo, droga ou tabaco - é perfeitamente dispensável! Pena que a quase totalidade da população não reconheça essa sua adição, e viva  subjugada pelo jogo dos me®dia que, controlados pelos poderes instituidos, têm o cidadão comum devidamente neutralizado e incapaz de encetar qualquer tipo de reação "incómoda"...

10 - Mónica - Outra canção começada faz uma década, e terminada há pouco tempo. Outra canção de amor com final infeliz.

Tudo gira à volta de uma metáfora botânica: Mónica é uma flor/mulher que brota no jardim do narrador e se abre só para ele, que, em êxtase, desfruta do seu «gineceu côr de rosa», enfim: lindas palavras para descrever atividade sexual escaldante. Mas chega um dia, alguém - que nem sequer tem jeito para a jardinagem - rouba/colhe a flor/mulher do seu canteiro, e o nosso "jardineiro" chora a sua morte, pois ela murchou de vez e nunca mais volta «aos jardins do paraíso»...

11 - As Praias de Lisboa - Desde criança que sempre tive um fraquinho por vaudeville, charleston, ragtime, etc. Esta canção fez parte do projeto "Radio Royale", pela(s) voz(es) do trio feminino "As Royalettes" (que, infelizmente não viu a luz do dia em disco), e aqui é recuperada para a posteridade, pois é uma das minhas composições favoritas. No princípio da música é possível escutar a gravação original de 1925, com o seu som primitivo de grafonola, que depois se abre para a estereofonia de alta fidelidade da versão digital. A letra fala de um verão nos anos 20 (antes da ditadura), no tempo em que Algés era uma «estância balnear», e a água do Dafundo era «transparente e salutar»!...

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